A geopolítica latino-americana vive dias de tensão máxima com o foco voltado para Caracas. Em uma operação digna de roteiros de espionagem, a líder opositora María Corina Machado conseguiu evadir o cerco do regime de Nicolás Maduro para receber o Nobel da Paz em Oslo. A fuga, que envolveu disfarces e uma travessia marítima até Curação, expõe a fragilidade do controle fronteiriço venezuelano frente a operações coordenadas com apoio externo.

Simultaneamente, o cenário militar no Caribe se agrava. A administração Trump, em uma postura agressiva inédita, passou de sanções econômicas para ações cinéticas diretas, incluindo a interceptação de petroleiros e a ameaça aberta de operações terrestres. O objetivo declarado é desmantelar as redes de apoio financeiro do regime, mas o risco de um conflito regional nunca foi tão palpável.

Por que isso importa

Estamos assistindo a uma mudança de paradigma na política externa dos EUA para o Hemisfério Ocidental. A estratégia de "pressão máxima" evoluiu para um quase-bloqueio naval.

Risco de Contágio: A instabilidade não se restringe à Venezuela; Honduras enfrenta uma crise de legitimidade eleitoral ligada ao narcotráfico, criando um arco de instabilidade na região.
Dilema Colombiano: Bogotá se vê entre a cruz e a espada, opondo-se à intervenção militar americana em seu vizinho, mas considerando oferecer asilo a Maduro como última cartada diplomática para evitar um banho de sangue.

Nos bastidores

Fontes diplomáticas indicam que a oferta de asilo da Colômbia não é um gesto de simpatia, mas uma manobra pragmática de "rampa de saída" (off-ramp) para o chavismo, possivelmente a única alternativa não violenta restante. Enquanto isso, a operação privada que resgatou Machado sinaliza que atores não estatais e empresas de segurança americanas estão operando com taciturnidade ou aprovação de Washington em solo venezuelano.

O tabuleiro está montado para um desfecho imprevisível. A presença de Machado na Europa, agora com a legitimidade de um Nobel, amplifica a pressão diplomática global, enquanto os navios de guerra americanos no Caribe garantem que a opção de força permaneça sobre a mesa.

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Escalada na Venezuela: fuga de Nobel da Paz e pressão militar dos EUA redesenham o tabuleiro sul-americano